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Paysandu decreta luto por Pires Cavalcante, criador de ‘Uma listra branca, outra listra azul’

icone de bola de futebol

Cantor e compositor da famosa marchinha 'Uma listra branca, outra listra azul', que até hoje é popularmente conhecida como o hino bicolor, Francisco Pires Cavalcante faleceu na noite do último sábado (15), em Belém, aos 93 anos. A Diretoria do Paysandu Sport Club lamenta a perda do grande artista e torcedor, além de decretar luto oficial de três dias, período em que a bandeira do clube ficará a meio mastro na Sede Social e no Estádio da Curuzu.

Curiosamente, a letra da tradicional música do maior clube paraense foi escrita por um paraibano e gravada em Minas Gerais. O início de tudo foi no dia 18 de julho de 1965, quando o Paysandu venceu o Peñarol-URU por 3 a 0, no Estádio da Curuzu, em um jogo amistoso. "Foi um prazer enorme. Eu nunca imaginei que essa música fosse fazer tanto sucesso, porque comecei a fazer a marchinha exatamente lá no estádio, na hora do jogo. Eu comecei a cantar sozinho: 'Uma listra branca, outra listra azul'. E quem estava ao meu redor começou a cantar também. A torcida inteira começou a cantar e nós chegamos até metade da primeira parte. Quando o Paysandu fez o segundo gol, aí eu me empolguei, a inspiração foi maior ainda e eu cheguei até o final da primeira parte: 'Uma listra branca, outra listra azul. Essas são as cores do Papão da Curuzu. O nosso time joga pra valer, até o Peñarol veio aqui pra padecer'. Não pude entrar na segunda parte de jeito nenhum. Quando chegava no fim, eu não conseguia passar para a segunda parte. Sabe por quê? Já tinha muita gente cantando comigo, mas tinha um cidadão que não cantava. Sabe o que ele fazia? Mandava a gente repetir tudo de novo. Quando chegava no fim da primeira parte, ele dizia: repete! Aí todo mundo repetia e eu não conseguia entrar na segunda parte. Eu queria concluir a música, mas ele não deixava (risos). Esse cidadão mandou a gente repetir umas 50 vezes", contou o músico em entrevista concedida ao programa oficial de rádio do Paysandu, Conexão Papão, em julho de 2015, quando a histórica vitória bicolor sobre os uruguaios completou meio século.

Cheio de inspiração, Pires Cavalcante conseguiu finalizar a música no mesmo dia da partida. "Eu fui direto do estádio para a rádio, falei com um amigo, disse que já havia feito a primeira parte e queria que ele me ajudasse na segunda. E ele se prontificou, foi ao piano com a melodia e eu acabei concluindo a letra", detalhou o torcedor, que assistiu ao jogo na arquibancada localizada com fundos para a travessa Curuzu. "Eu comecei a cantar baixinho e a torcida me acompanhou. Isso para mim é um prêmio que Deus me deu. Fico muito agradecido à toda a torcida do Paysandu que canta a minha música", completou.

Em 2015, Pires Cavalcante (de branco) participou de um encontro com ídolos do passado

Ainda na entrevista concedida ao Conexão Papão, em 2015, Pires Cavalcante explicou como fez para gravar a marchinha. "Naquela época, não existia gravadora em Belém. Eu tive que ir com o Luís Olavo, um cantor paraense muito bom, a Belo Horizonte (MG), para poder fazer a gravação de um compacto com as duas músicas, essa, 'Uma listra branca, outra listra azul', e 'Paysandu, alegria do povo', que é de minha autoria também. Quando eu voltei de Belo Horizonte, trazendo um cd na maleta, saltei na avenida Senador Lemos, avistei o presidente do Paysandu. Eu dei a ele o cd. Ele me falou na época que tinha certeza que a música faria sucesso, pois já tinha caído no gogó da galera. Foi a frase dele. Eu fiquei tão feliz com aquilo e realmente aconteceu", disse, emocionado.

Pires Cavalcante era músico da Marinha do Brasil que saiu da Paraíba para morar em Belém a trabalho. Ele se apaixonou pelo Papão assim que desembarcou na cidade. "Foi aqui que eu me tornei Paysandu. Do navio, eu avistei um cidadão com uma camisa listrada. Fiquei encantado com aquela camisa, desci rápido da embarcação e fui lá falar com ele. Perguntei se era paraibano, ele me disse que não, que era paraense. Aí eu questionei: mas você está com a camisa do time que eu jogava quando era jovem lá na Paraíba, do Ifoci, que era o Instituto Federal de Obras Contra Incêndio. Tínhamos um time de futebol lá e a camisa era assim, com uma listra branca e outra listra azul, e eu era jogador do Ifoci. Ele me disse: 'Não, senhor. Essa camisa é de um time aqui de Belém, o nome é Paysandu Sport Club'. Aí eu me tornei Paysandu na hora por causa disso, pois eu já tinha vestido uma camisa parecida com a do Paysandu lá na Paraíba", finalizou o torcedor, que também fazia parte do programa Sócio Bicolor.

A bandeira do Paysandu ficará a meio mastro no Estádio da Curuzu por três dias

Neste domingo (16), a Diretoria do Paysandu Sport Club entregou à família de Francisco Pires Cavalcante uma bandeira com o símbolo do clube. Durante o dia, vários dirigentes prestaram homenagens ao artista no cemitério de São Jorge, no bairro da Marambaia, onde seu corpo foi enterrado no fim da manhã.

O Paysandu também vai solicitar à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) um minuto de silêncio antes da partida do próximo sábado (22), contra o Criciúma-SC, pela 28ª rodada da Série B 2018, em homenagem a Francisco Pires Cavalcante.

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